quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

O PROGRAMA DE CONTROLE DA FEBRE AMARELA E DENGUE EM MARLIÉRIA

Noções básicas sobre Febre Amarela e Dengue

Febre Amarela - Descrição – Agente Etiológico – Vetores

A Febre Amarela é uma doença infecciosa, de etiologia viral, causada pelo vírus Amarílico.
Transmissão: picada de pernilongos dos gêneros Aedes, Haemagogus e Sabethes.


FAS- Febre Amarela Silvestre. Sabethes
cloropterus , Haemagogus





FAU- Febre Amarela urbana: Aedes
aegypti






Dengue

Infeccão de etiologia viral,causada pelo Vírus do dengue, o qual se divide em quatro sorotipos. DEN-1,DEN-2. DEN-3 e DEN-4.
Transmissão:pernilongo infectado- Aedes aegypti.


Modo de transmissão: A fêmea se alimenta de sangue, pois este lhe é necessário para a maturação dos óvulos. As infecções do Dengue podem ocorrer: na forma clássica - forma Hemorrágica.
Uma vez infectado por um dos quatro sorotipos, a pessoa pode adquirir imunidade até permanente para o vírus que contraiu, e parcial para os demais desta infecção.
Na primeira infecção,a pessoa pode desenvolver a forma Hemorrágica,devido ao cruzamento, ou seja, infecção com outro sorotipo.

Não existe tratamento para o Dengue,recomendam-se medicamentos para aliviar as dores e demais sintomas.

Importante: Quando alguma pessoa está com sintomas, nunca deve se auto-medicar. O recomendável é procurar uma unidade de saúde mais próxima.

Biologia do Aedes aegypti

Tempo de vida: 10 a 45 dias;
De ovo a mosquito alado, passa uma metamorfose;
Desenvolve-se através da água;
Passa por 5 estágios , 4 mudas de larvas ,pupa e mosquito alado;
Duração: pode compreender de 7 a 10 dias;
Pupa: duração de 2 a 4 dias = não se alimentará, apenas respira;
O Aedes aegypti tem o hábito de fazer a postura de seus ovos em quantidades limitadas por depósito;
Ovos: são postos isoladamente - podem resistir até 450 dias de dessecação;
Esta resistência à dessecação é um dos fatores relevantes na dispersão passiva desta espécie.



Esquema do ciclo evolutivo
do Aedes aegypti > esquema abaixo:
















Larvas do Aedes aegypti


Hábitos diurnos.
A presença de muita luminosidade pode fazer o Aedes estender seus hábitos até algumas horas da noite;

Vôo é curto e baixo. aproximadamente até 150 metros, numa altura de 80 cm a 1m.
Foi introduzido no Brasil, no período colonial, durante o tráfico de negros vindos da África, continente de onde é originário.

Hábitos tanto peri como intradomiciliar.

Prefere desovar em depósitos com água limpa, mas não descarta os demais de água suja. Preferências: Pneumáticos, caixa d´água, bromélias, piscinas sem manutenção ou.
Somente as fêmeas se alimentam de sangue, necessário para a maturação dos óvulos. A fêmea, após a cópula,

Uma fêmea pode por até 500 ovos por dia, todos distribuídos estratégicamente em diferentes locais e.
O nome Aedes aegypti, significa em português, aedes – aéreo, e aegypti – egípicio.

Características de um
Aedes aegypti adulto


É um grande transmissor da Febre Amarela e do Dengue no Brasil. É um mosquito extremamente hábil quando se refere à sua erradicação e/ou controle, pois há tempos vem sendo combatido no Brasil e, constantemente vem se adaptando a novos locais e depósitos, outrora, nunca descritos como locais de provável infestação deste vetor. Além disso, o Aedes aegypti, pela resistência à dessecação de seus ovos, se introduz com facilidade em várias localidades não infestadas, o que chamamos de dispersão passiva, ou até mesmo em forma larvária, através de depósitos como pneus, e outros, com pequenas quantidades de água, quando expostos à chuva e transportados sem a proteção de lonas e carrocerias cobertas e/ou baús. o Aedes aegypti pode transmitir também a filariose.Embora não seja regra, pode se adaptar a localidades onde as casas são mais dispersas, com características rurais, hábitos mais comuns do Aedes albopictus.



PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE DO DENGUE – PNCD DE MARLIÉRIA

O Ministério da Saúde preconiza que cada município deva possuir equipes regulares de vigilância e controle ao mosquito Aedes aegypti, bem como, manter em observação o pernilongo Aedes albopictus. O Ministério dividiu os municípios brasileiros em quatro estratos. Estrato 1: município onde há o Aedes aegypti, e que tenha transmissão do dengue clássico e casos de dengue hemorrágico. Estrato 2: municípios onde há o Aedes aegypti e casos de dengue clássico. Estrato 3: municípios sem transmissão de dengue, mas com infestação do Aedes aegypti. Estrato 4: Municípios sem infestação de Aedes aegypti e sem transmissão de dengue. O município de Marliéria foi classificado no estrato 3. Existem metas de trabalho a serem executadas dentro do PNCD. As ações são varias, e cada município deve possuir uma estrutura mínima para atuar na vigilância e no controle do Aedes aegypti. Desde a rede ambulatorial até as equipe de vigilância epidemiológica e entomológica. Sobre o trabalho de vigilância epidemiológica e entomológica, o Departamento Municipal de Saúde de Marliéria dispõe de uma equipe, composta de 2 agentes sanitários para as visitas aos imóveis, 1 Supervisor e equipe e 1 Supervisor Geral. De acordo com o Ministério, esse número de servidores é suficiente, uma vez que, para cada 810 a 1000 imóveis, deve-se ter um agente. Conforme fora mostrado anteriormente, os trabalhos de combate ao Aedes aegypti são realizados nas localidades urbanas ou com aglomerados com tais características. Em Marliéria, são visitadas periodicamente a cidade, a Vila de Cava Grande, os povoados de Santo Antônio da Mata e Santa Rita e a Fazenda Mundo Novo. As atividades da equipe devem seguir as seguintes etapas:

No combate ao vetores da Febre Amarela e Dengue, são realizadas Várias operações, que utilizam vários métodos e equipamentos, que descreveremos a seguir.

R.G.- Reconhecimento Geográfico – Consiste na 1º atividade a ser executada. Nesta fase, deve é feito o mapa da localidade,também denominado de Croquí. Numerar os quarteirões, e nestes, por fim, levantar o número de imóveis existentes, classificando-os pela atividade de cada um.

L.I. – Levantamento de Índice – atividade de pesquisa larvária, para conhecer o índice de infestação, dispersão e densidade do A. Aegypti.

Tratamento - Esta atividade consiste na atividade de eliminação de focos dos vetores da Febre Amarela e Dengue, tanto na forma aquática, como na forma adulta, e se divide em várias etapas .

Tratamento focal – Consiste na aplicação de larvicida nos depósitos positivos com as formas aquáticas .

Obs.: Este larvicida, é um produto químico recomendado para ser administrado nos depósitos de agúa.O seu efeito pode chegar até a 6 meses. Em depósitos como caixas d’águas, cuja rotatividade de água é grande durante um mês, o seu efeito residual pode ser diminuído sigficativamente.

Tratamento perifocal – Consiste na aplicação de adulticida em locais onde há a presença do mosquito adulto. Pode ser através da aplicação do inseticida nas bombas costais manuais ou, no veículo de U.B.V pesado e ainda, no U.B.V costal portátil. Entretanto, estas aplicações de UBV somente são justificadas, mediante uma infestação superior a 5%, com várias notificações de casos de Dengue.

Tratamento mecânico – Consiste no manejo mecânico e eliminação dos depósitos que podem constituir-se em potenciais criadouros dos vetores da Febre Amarela e Dengue.Esta atividade deve ser realizada a fim de envolver os tantos segmentos da localidade, onde o Agente de Saúde indicará a razão da atividade, como a população poderá contribuir ,realizando a coleta com o intuito de mostrar ao morador onde estão os riscos e indicando assim a prevenção, mudando os seus hábitos.É uma atividade de extrema importância no combate ao Aedes aegypti.

Pesquisa em Pontos estratégicos – Consiste na realização de pesquisa larvária nos pontos estratégicos, e deve ser feita quinzenalmente.

Tratamento em pontos estratégicos
Consiste na eliminação
de focos dos vetores da Febre
Amarela e Dengue,através
da aplicação de larvicida e
adulticida se for necessário
e recomendável.

Foto de um depósito de pneus



Obs.: os pontos estratégicos são
hoje um dos grandes problemas enfrentados
pelas cidades do Vale do Aço. Neles, estão
concentrados uma grande quantidade de
depósitos que oefecem excelentes condições
para a proliferação do Aedes aegypti. Tudo
isso, devido ao fato de que nesses
imóveis, em geral, não há cobertura
e, os depósitos ficam desorganizados,
expostos à chuva. Depósitos como pneus,
sucatas, vidraria, latas, garradas e outros.
Os principais pontos estratégicos são: Borracharia, ferros-velhos, depósitos de materiais de construção, cemitérios, floricultura, oficinas mecânicas, estações rodoviárias, ferroviárias e aeroviárias, postos de gasolina e estabelecimentos que compram e revendem material reciclável.

Tratamento espacial – Consiste na aplicação de
adulticida na forma de neblina (UBV), Ultra Baixo
Volume – Através da utilização de veículos e
nebulizadores costais portáteis.
Este trabalho é conhecido popularmente como
“fumacê”.

Obs.: Embora pareça, a aplicação do fumacê não é a forma mais eficaz de acabar com os mosquitos. A neblina que é aplicada pelo carro ou pelas bombas dos agentes, atingem aproximadamente
de 50 a 100 metros de distância, e não conseguem penetrar em todos os cantos das casas e seus quintais. Além disso, o vento espalha a neblina com uita facilidade, retirando quase toda a eficácia do trabalho realizado.

Pesquisa ou Tratamento Vetorial Especial – Consiste em atividades eventuais, dadas nos casos de denúncias, confirmadas com a presença de depósitos positivos, e quando o retorno à localidade estiver previsto para um tempo longo, onde por prudência, não se queira arriscar, esperando a dispersão ativa e/ou passiva do vetor encontrado nestes depósitos e nos bloqueios de transmissão.

Pesquisa em Armadilhas-
Utilizada em municípios não infestados, e consiste em colocar depósitos suspensos a uma altura de até 80cm e com sombra.Deve ser inspecionada quinzenalmente. Geralmente, são usados pneus cortados ao meio com água limpa.Para cada 225 imóveis ou 9 quarteirões, instala-se uma armadilha.

Educação em Saúde – Consiste em difundir junto à população noções acerca do saneamento domiciliar, da prevenção,mudança de hábitos, acondicionamento e destino corretos de depósitos servíveis e não servíveis.
A atuação dos educadores deve ser integrada e interligada com todos os segmentos existentes possíveis na localidade, buscando a parceria para disseminar os trabalhos das equipes, fomentar e ampliar conhecimento acerca da eliminação dos vetores e seus criadouros,uso racional desse conhecimento comunitário como extensão do trabalho dos serviços de saúde, com promoção de palestras e gincanas nas escolas, clubes de mães e de serviços, associações comunitárias, igrejas e outros.

Como vimos, existe toda uma organização de atividades, as quais são cuidadosamente planejadas, com o objetivo de manter o município em condições de não ser acometido por uma epidemia de Dengue e Febre Amarela. Todavia, sempre há os riscos, vindos de outras cidades e estados. É o que chamamos de Dispersão passiva, no caso do Aedes aegypti e, casos importados, no caso de pessoas que aparecem com Dengue em Marliéria, vindos de outras localidades, porque visitam a cidade ou trabalham fora de Marliéria.

Importante: Recentemente, alguns casos de Febre Amarela foram confirmados em macacos e humanos em Goiás e no Distrito Federal. Devido a isso, sendo o município de Marliéria quase em sua totalidade, cercado pelo Parque Florestal do Rio Doce, é necessário que todos na região estejam alertas. Não sabemos com precisão se nesse parque existem os mosquitos Haemagogus e Sabethes cloropterus, transmissores da Febre Amarela .Todavia, sendo o Aedes aegypti, um dos principais transmissores dessa doença, e estando este mosquito disperso por toda a região, todo o cuidado é indispensável. Procure em casa o cartão de vacinação contra a Febre Amarela, a vacina tem uma validade de 10 anos. Caso já tenha vencido este prazo, ou se ainda não se vacinou, procure a unidade de saúde mais próxima de sua casa e vacine-se. Há o risco de casos de pessoas doentes de Febre Amarela, vindas de outras partes do país, passarem pela região e espalharem o vírus, se forem picadas pelo Aedes aegypti.

Importante: Os trabalhos dos agentes de saúde de Marliéria têm dado resultados satisfatórios, portanto, não há motivos para pânico entre a população.

Estamos em vigilância constante. Mas cabe à população contribuir. Não apenas permitindo a visita do agente de saúde, mas fiscalizando os trabalhos, exigindo qualidade e mantendo suas casas, quintais e lotes vagos limpos.

Recomendações: Se for acampar ou pescar no Parque Estadual do Rio Doce ou em suas proximidades, tenha sempre um repelente de insetos, e utlize sempre óleo repelente de mosquitos na pele, nas partes do corpo que ficam descobertas.

Elaborado por:

JOEL VIEIRA CALDAS
Supervisor Geral de Endemias
FUNASA / Departamento Municipal de Saúde
Setor de Zoonoses e Endemias
Prefeitura Municipal de Marliéria - MG

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