sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Aedes aegypti - Um vetor hábil quando se fala de adaptação.






Durante muito tempo, houve técnicos (tecnocratas), autoridades sanitárias que se arriscavam a dizer quanto aos hábitos do mosquito transmissor do Dengue, o Aedes aegypti. Introzuzido na América Portuguesa, durante o tráfico de negros vindos da África, no século XVII, no ano de 1685, noRecife, com regietros dos primeiros casos de febre amarela.em 1692, uma epidemia provocou 2000 óbitos na cidade de Salvador-BA. Esse pernilongo mostrou-se perfeitamente capaz de se adaptar a novos habitats. Desde cedo, ainda no período colonial, o Aedes iniciou sua trajetória vetorial com muita eficácia.Em 1928 - a doença reaparece no RJ, causando 436 mortes. Iniciada, a nível nacional, Campanha contra a febre amarela, resultado do contrato assinado com a Fundação Rockfeller. Após exaustica campanha contra o Aedes aegypti, realizada pelo Serviço Nacional de Febre Amarela , criado em 1940, essa espécie foi declarada erradicada do Brasil, na XV Conferência Sanitária Panamericana, no ano de 1957. Desde então, os órgãos e autoridades em Saúde Pública têm ficado apenas em Vigilancia, acreditando que, a Erradicação obteve êxito, que fora um fato consumado. Todavia, o termo erradicação fora alvo de questionamentos por parte das autoridades sanitárias de outros países. E por quê? Ora, por sucessivas reinfestações do Aedes aegypti em localidades do Centro-Oeste e Nordeste brasileiro,nas décadas de 1970 e 1980, devido a pessoas que mantinham atividades nas matas, contraindo a forma silvestre da doença .Optou-se então no Brasil, pela vacinação anti-amarílica e o modelo campanhista, adotado pela SUCAM (Superintendência de Campanhas de Saúde Pública), devido à reintrodução do Aedes em alta densidade, em mais de 15 estados. Como agravante, no ano de 1985, aparece os primeiros casos de Dengue, em Boa Vista, Roraima. Até a década de 2000, tentou-se trabalhar com a possiblidade de se erradicar o Aedes aegypti. No ano de 1998, o Brasil se viu mergulhado numa epidemia, quiçá, a maior, de Dengue. Esta patologia teve causas nos até os dias atuais, dos 4 sorotipos, de três, Den-1, Den-2 e Den-3. Vários casos de D.H. (Dengue Hemorrágico) foram registrados. Hoje, com a municipalização dos serviços de controle de endemias, adotou-se o método de controle vetorial, ou seja, buscar manter os municípios com índices de infestação predial inferiores a 1% dos imóveis existentes. Contudo, a política adotada pelo poder central tem se mostrado ineficaz quanto ao repasse e insumos e o trato diferenciado dado aos municípios que mantêm regularmente equipes do Programa Nacional de Controle do Dengue (P.N.C.D.). Há aqueles municípios que dispõem de técnicos de nível superior da S.V.S./M.S. (Secretaria de Vigilância em Saúde/ Ministério da Saúde) como consultores, fornecimento de veículos e máquinas de informática. Enquanto isso, os municípios menores, não considerados prioritários, sofrem para manterem o convênio com o Ministerio da Saúde, a PPI-VS ( Programação Pactuada Integrada de Vigilância em Saúde). Mas, o Aedes aegypti, continua sua dispersão, seja ativa, seja passiva. Não quer e não distingue município, tampouco, localidades, e hoje, nem mesmo os depósitos, folcloricamente, de água limpa, conforme fora colocado em muitas cartilhas distribuídas pelo Brasil. A capacidade de adaptação do Aedes aegypti tem sido tão contundente, mas ao que parece, nem tão percebida. Esse mosquito tem demonstrado ao longo de anos que vem driblando o conhecimento que os órgãos de Saúde Páblica têm sobre si, e com isso, conseguido se safar das diversar investidas de combate e medidas profiláticas. Hoje, não se deve afirmar categoricamente como se comporta e quais são os hábitos do Aedes. Este vetor tem sido encontrado em locais, onde outrora, talvez, somente o Culex e/ou o Anófeles tinham como prefenciais. Há poucos dias, em atividades de inspeção no município de Marliéria, na localidade Fazenda Mundo Novo, um córrego com um pequeno aglomerado de imóveis, em casas dispersas umas das outras, com características tipicamente de zona rural, foram encontrados focos larvários do Aedes.Agora indagamos: Qual será então, a estratégia para controlar e manter livres os centros urbanos de uma nova epidemia de Febre Amarela, diminuir os índices de infestação predial, onde, o programa desenvolvido pelo Ministério ainda prevê como prioridade das atividades de combate ao mosquito em áreas urbanas e mantém uma concentração de recursos canalizadas para os municípios mais próximos de grandes aglomerados urbanos? Qualquer tese quanto a esse vetor, pode cair por terra, conforme tem se observado ao longo desses anos que o Brasil tem buscado sua erradicação e, agora, o seu controle.


Postado por: Joel Vieira Caldas
Técnico em Endemias> FUNASA/SMS de Marliéria-MG
Graduando em História> Unileste-MG
fonte:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-311X1985000300010&script=sci_arttext

http://www.sucen.sp.gov.br/doencas/dengue_f_amarela/texto_febre_amarela.htm

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